ANTOLOGIA


Elogio das pombas

Adriano Girelli (2º lugar)

(São Paulo/SP)

Não só de manta pútrida,
farrapos de estopa,
capotes encardidos e perfurados
por fumantes adormecidos
é que se vestem as pombas da cidade.

Guirlandas, confetes ácidos,
batons de glicerina, perucas de ouro em pó
e sandálias de prata, às vezes,
enfeitam a madame das aves.

Não, pavão. Tu não podes mais ser eleito
o rei momo deste país com trinta e três,
33 milhões de habitantes
sem acesso à água potável. Não!
A pomba é a nossa imagem e semelhança.
A pombice, uma virtude irrevogável.
Pois não é claro?

Com ou sem pernas elas vão deslizando
entre a merda do cão,
os sonhos dos desempregados,
os vícios dos sobreviventes
e os poemas da mulher
recostada no banco desta praça,
que trouxe as próprias unhas como marmita.
Ah, minhas pombinhas!
Vou fazer de meus olhos suas migalhas de pão.
Não só de manta pútrida,
farrapos de estopa,
capotes encardidos e perfurados
por fumantes adormecidos
é que se vestem as pombas da cidade.

Guirlandas, confetes ácidos,
batons de glicerina, perucas de ouro em pó
e sandálias de prata, às vezes,
enfeitam a madame das aves.

Não, pavão. Tu não podes mais ser eleito
o rei momo deste país com trinta e três,
33 milhões de habitantes
sem acesso à água potável. Não!
A pomba é a nossa imagem e semelhança.
A pombice, uma virtude irrevogável.
Pois não é claro?

Com ou sem pernas elas vão deslizando
entre a merda do cão,
os sonhos dos desempregados,
os vícios dos sobreviventes
e os poemas da mulher
recostada no banco desta praça,
que trouxe as próprias unhas como marmita.
Ah, minhas pombinhas!
Vou fazer de meus olhos suas migalhas de pão.

Compartilhe este poema:
Adriano Girelli – Tenho 29 anos, sou paulistano, licenciado em Filosofia, atuei como educador durante algum tempo e trabalho atualmente em um sebo. Gosto de café, amendoim e todos os tipos de sopa. Converso com as plantas e tenho predileção por galo, burro e galinha. Faço o horário do almoço em uma praça no centro da cidade, onde às vezes escrevo poemas. Desejo comprar uma casa em Minas e quero visitar o Rio atrás de porções de torresmo, sambas e papelarias. Já engavetei um livro de poesia. Não sei dirigir automóveis, prefiro andar a pé. Sou míope, coleciono relógios e morro de saudades.
Adriano Girelli – Tenho 29 anos, sou paulistano, licenciado em Filosofia, atuei como educador durante algum tempo e trabalho atualmente em um sebo. Gosto de café, amendoim e todos os tipos de sopa. Converso com as plantas e tenho predileção por galo, burro e galinha. Faço o horário do almoço em uma praça no centro da cidade, onde às vezes escrevo poemas. Desejo comprar uma casa em Minas Gerais e quero visitar o Rio de Janeiro atrás de porções de torresmo, sambas e papelarias. Já engavetei um livro de poesia. Não sei dirigir automóveis, prefiro andar a pé. Sou míope, coleciono relógios e morro de saudades.
Share by: